Certa vez, o grande artista renascentista Michelangelo havia terminado de esculpir obras magníficas no mármore de Florença quando foi questionado por um admirador sobre como ele conseguia tirar formas tão perfeitas de uma simples pedra. Sabiamente, o gênio medieval respondeu que na verdade ele não esculpia contornos belíssimas na pedra fria, mas que simplesmente os retirava de dentro dela, pois eles sempre estiveram lá. Da mesma forma, percebemos que apenas procedendo como o escultor italiano é que descobriremos um novo olhar para as potencialidades que guardamos em nossas essências. No decorrer da história alguns seres humanos conquistaram essa postura maravilhosa de escultura interior, levando todos a seu redor a fazerem o mesmo, demonstrando que o sucesso nas várias áreas da vida já existe, bastante apenas permitir que ele se manifeste. Esses grandes homens foram chamados de líderes.
Vivemos em uma realidade competitiva, globalizada, em um contexto único. Buscamos resultados em nosso trabalho e em nossos projetos pessoais com uma avidez nunca vistas, sob a influência do imenso fluxo de informações que temos contato diariamente, dilatando nossas perspectivas, algo impensado, em igual proporção há alguns anos atrás. E nesta realidade que o espírito da liderança resplandece em algumas pessoas, tornando-as referência para o mundo ao seu redor. A busca por verdadeiros líderes não tem sido simples para algumas empresas, pois se trata de artigo raro, apesar de tantas escolas de liderança espalhadas por todo o mundo.
É inegável que liderar é mais uma atitude que uma vontade. Portanto, para nos transformarmos em mestres nesta arte, é imperioso que mudemos nosso padrão de pensamentos e, por conseguinte, nossa conduta perante os fatos do cotidiano. Segundo observamos, o grande líder é reconhecido pelo seu poder de motivar equipes e a si mesmo, por sua capacidade de tomar decisões importantes em um curto espaço de tempo, por sua criatividade e ética inatacáveis. Sua personalidade é definida por uma postura coerente de princípios e ações, por um senso de autocrítica acentuado e por uma grande vontade de aprender constantemente. Enquanto a maioria dos indivíduos que o cercam reclamam e se prostram perante as adversidades, seus olhos brilham visualizando uma oportunidade de crescimento. Quando se comunica, emana um magnetismo arrebatador. Hipnotizando quem ouve pela força do exemplo que dá sustentação as suas palavras. É o primeiro a chegar e o último a sair.
A cima do tudo o líder reconhece que só pode exercer seu papel com grande desempenho se estiver com uma grande equipe ao seu lado. Portanto, ele não critica, porém instrui. Não se exalta, mas educa. Não perdoa porque não chega a se ofender. Não se desespera, mas reflete. Ao invés de tentar se eximir das responsabilidades por um resultado indesejável, assume as consequências, como um capitão que jamais abandona o navio. É lúcido e inovador. Vê o que todas as pessoas vêem e observa o que ninguém observou. Pensa, fala e age dentro do que acredita.
São características que podem e devem ser desenvolvidas por todos nós. Entretanto, o candidato a líder jamais pode esquecer que a disciplina é o combustível maior para qualquer realização, por isso, é preciso muita persistência e autoconfiança para moldar sua personalidade e conduta, sintonizando-as com os princípios maiores da arte de liderar. A despeito das dificuldades que enfrentaremos, vale à pena buscarmos força para lutarmos por esse estado de espirito, porque liderança é um estado de espírito, uma postura mental. E somente através do autoconhecimento é que seremos capazes de iniciar essa trajetória iluminada, buscando em nós o primeiro discípulo a acompanhar nosso desejo de vitória. Assim como Michelangelo, o líder acima de tudo é um escultor, capaz de esculpir comportamentos, construindo em seu interior sua maior obra, despertando o que já existe em estado latente.